Organizações: Como ajudar as comunidades a terem acesso aos serviços e renda?
- Lívia Viana
- 1 de fev. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 2 de fev. de 2023
A falta de saneamento afeta de forma substancial a mulher, que na maioria das vezes é o arrimo da casa. Você imagina viver sem um banheiro? A mulher e seu filho vivem doentes e muitas das vezes não sabem o porquê. A falta de esgotamento sanitário é o primeiro aspecto para a doença de seu filho.

Um Programa de formação de mulheres da Ela Faz, startup que capacita e insere a mulher no mercado de trabalho, para serem encanadoras, pode gerar várias oportunidades para elas de geração de renda, em que as concessionarias ou construtoras locais possam contratá-las, terceiros e famílias que necessitam dos serviços, também. Uma obra que está sendo realizada de infraestrutura para o saneamento precisa ser conectada com a casa e essa obra precisa ser paga pelo proprietário da residência e que muitas vezes não tem condições financeiras. Disponibilizar um microcrédito, ajudaria, para que as famílias tenham condições de fazer o acesso a rede de esgoto, reformar o banheiro ou até construí-los pois muitas não tem o banheiro.
A concessionaria de abastecimento de água tem o seu serviço findado da porta para fora da casa, então precisa de uma conscientização das empresas para que vejam a necessidade social seja atendida em uma maior plenitude também para a perpetuidade do negócio. O executivo de uma cia precisa entender seu papel na sociedade além de dar o retorno para o seu acionista. De que adianta fazer um investimento, se eu sei que a família não vai poder pagar para o retorno dele, então o management precisa encontrar formas que viabilize para que o benefício gerado pelo seu serviço seja pago. Que seja viável e economicamente responsável e para isso necessita de esforço, estratégia, pensar de longo prazo e no saneamento fica muito claro a forma de implementar um projeto de geração de renda através da capacitação. A mulher aprende a fazer a instalação de água e esgoto conectada a rede da concessionária, depois pode ser contratada para a empresa ou seus fornecedores e até prestar serviços para a sua comunidade e outras residências.
O marco regulatório do saneamento desde 2020, viabilizou a entrada de investidores privados com papel superimportante do BNDES para estruturação de projetos que foram licitados, proporcionando contratações em massa e movimentando a economia em forma de cadeia.
Para iniciar um projeto com foco também no social, é preciso fazer relacionamento com as comunidades, partindo da oferta de um atendimento de qualidade, pensando em atender as necessidades. Então precisa saber com quem conversar nas comunidades para entender qual é a demanda dessa comunidade e nesse diálogo já estabelecer um compromisso de que além dos transtornos de instalação das obras, ela gerará benefícios e um deles é o da geração de renda. É importante também que essa pessoa da comunidade, o líder, tenha uma boa relação com o poder público para um melhor planejamento também para a obra.
Por que trabalhar com as mulheres? A questão da diversidade de gênero, é a primeira a ser tomada, como uma conscientização de que não é normal, que não se tenha representatividade feminina na indústria, na construção. São muitas dificuldades que as mulheres enfrentam e precisam de apoio, como maternidade e carreira as impedindo de serem contratadas ou promovidas. E quando você passa a implementar na cultura da empresa o empoderamento feminino, abre o desdobramento para a diversidade de gênero, precedente de raça, orientação sexual, pessoas com deficiência, para uma empresa diversa e inclusiva, criando um ambiente de inovação e gerando maior engajamento para os colaboradores. Se de dentro da empresa não tiver essa percepção de necessidade do que está acontecendo a fora, não tem como ela conseguir ter para quem quer atender.
Pensando em sustentabilidade como negócio a longo prazo, antevendo o crescimento do país no saneamento, em que vamos precisar de pessoas, então investir na capacitação, diversidade e inclusão, não é apenas a coisa certa a se fazer, mas também viavelmente econômica a ser feita.
Lívia Viana – CEO da Ela Faz Tecnologia
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